COVID-19 E A PERDA DO OLFATO
Estudos mostram ação da doença no corpo
Por Dra. Andréa Pires de Mello para o “A Seguir: Niterói por Niterói”.
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Os vírus respiratórios são responsáveis não só por infecções de vias aéreas superiores, como faringite, rinossinusite e outras, mas também por infecções das vias aéreas inferiores, como bronquite, pneumonia e até a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS).
O SARS-Cov-2 é o novo coronavírus identificado como agente etiológico da doença denominada Covid-19, detectada inicialmente em Wuhan, na China, no fim de 2019 e que depois se espalhou pelo mundo, levando ao estado de pandemia declarado pela Organização Mundial de Saúde em 11/03/2020.
A principal forma de transmissão do novo coronavírus é o contato próximo entre pessoas, por meio de gotículas ou mesmo do contato pessoal, transmitidas através de espirro, tosse ou até mesmo a fala. A partir de sua entrada, o vírus pode atingir os pulmões, um dos principais alvos.
Os principais sinais e sintomas incluem febre, tosse, astenia, mialgia, dispnéia (falta de ar), perda do paladar e/ou olfato. Com o passar do tempo, aparecem novas formas de apresentação da doença.
As alterações do olfatopodem ser classificadas em:
· anosmia (perda completa do olfato),
· hiposmia (diminuição do olfato),
· hiperosmia (aumento do olfato) e
·disosmia (distorção da percepção olfativa).
Na maior parte das vezes a perda do olfato é causada por alguma virose.
Os mais recentes trabalhos publicados na Europa e nos EUA sugerem que a prevalência de anosmia é alta, ocorrendo em cerca de 98% dos pacientes testados positivo para Covid-19; eventualmente é mais prevalente que a febre.
Ainda temos pouca informação sobre a sua fisiopatologia. Os vírus se ligam às células do epitélio olfatório gerando um enorme processo inflamatório, que leva à degeneração do neurônio. Sabe-se que o SARS-CoV-2, assim como seu antecessor (o vírus da síndrome respiratória aguda grave, SARS-CoV), usa a enzima conversora de angiotensina 2 (ECA-2) como meio para infectar células-alvo. Essa enzima está presente nas células do epitélio olfatório, e seria por este meio que o vírus penetra nas células.
Estudos evidenciaram que a maior parte dos pacientes internados por Covid-19 não apresentava queixas de alteração de olfato, bem como do paladar. Outros estudos sugerem que os pacientes que apresentaram anosmia tiveram 10 vezes menos internações do que o grupo sem anosmia, indicando que a presença desta alteração sugere que este indivíduo apresenta uma forma branda da Covid-19, ou seja, a anosmia parece ser um sinal de um bom prognóstico para Covid-19.
Novas pesquisas são necessárias para que se adquira uma maior compreensão em relação à Covid-19 e a alterações do olfato.
Concluindo, indivíduos que apresentem perda do olfato súbita (com ou sem perda do paladar) devem estar cientes de que existe a possibilidade de estarem apresentando um quadro de contaminação pelo SARS-Cov-2 (Covid-19) e devem se manter em isolamento e contactar seu médico, para receber as orientações necessárias. Em alguns casos a perda do olfato pode ser o único sintoma da Covid-19 e tende a voltar à normalidade em 14 dias.
Dra. Andréa Pires de Mello é médica otorrino e mestre pela Fiocruz.
Fonte: https://www.aseguirniteroi.com.br/post/covid-19-e-a-perda-do-olfato